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Adega Beira Mar

A Adega Beira-Mar foi construída, em 1944, por António Bernardino da Silva Chitas Júnior, pai de Paulo da Silva, num terreno situado junto à estrada que liga a Praia das Maças às Azenhas do Mar.

História

O autor do projecto foi o Arq. Manuel Joaquim Norte Júnior (1878-1962), o mesmo que fez a Adega Visconde de Salreu, alguns anos antes, em Colares.
A construção do edifício ficou a cargo de um pedreiro de Fontanelas. Começou por ser feita a limpeza do terreno com o apoio de cabouqueiros que retiraram a pedra, depois aproveitada para a obra.
O desaterro da área onde a adega foi implantada demorou algum tempo, pois, durante a semana, só podiam contar com a ajuda de homens, uma carroça e um burro. Apenas ao fim-de-semana dispunham de uma camionete que transportava os vinhos de Colares para Lisboa.

Numa primeira fase, a adega ficou assente em chão rijo, com uma planta rectangular com cerca de 15 metros de comprimento, ampliada em mais 5 metros por iniciativa da mãe de Paulo da Silva. Como era costume na época, num dos cantos da adega foram enterradas garrafas e dinheiro para o futuro.
A estrutura do telhado contou com a colaboração de Arnaldo Estrela, carpinteiro das Azenhas do Mar.

Posteriormente, foi montado o vasilhame para armazenamento e estágio dos vinhos. Alguns dos tonéis foram adquiridos na altura e, em 1946, foram ali instalados outros tonéis que tinham pertencido ao avô de Paulo da Silva.

A adega estava rodeada de vinhas de chão rijo e de areia protegidas por caniços. O pai de Paulo da Silva veio a comprar essas propriedades, reunindo todos esses terrenos.

Como a lei de então não permitia fazer vinho novo onde estava armazenado vinho antigo, foi necessário construir uma nova área na adega destinada exclusivamente à produção.

Os balseiros para fazer vinho, que antes estavam no exterior, passaram para este espaço, onde também se guardava aguardente em cascos.

De acordo com a lei da época, para além do vinho em movimento, era obrigatório ter em armazém uma capacidade mínima de 30.000 litros, passando depois para 50.000 litros fixos (no início eram 20.000 litros).

Ao longo do tempo, a configuração da Adega Beira-Mar foi fazendo face aos desafios da exigência de reservas mínimas e de um mercado de vinhos crescente.

Em 1955, saiu uma nova lei (nº 40.036, janeiro de 1955) que obrigava as adegas a aumentar a existência mínima de 50.000 para 100.000 litros fixos, como reserva. As adegas tiveram três anos para cumprir esta orientação.
Foi nessa altura que foi construída uma nova ala da adega, com tonéis em madeira, depósitos em cimento e depósitos subterrâneos.

O Mestre Mário Faria, de Carreiras, Torres Vedras, foi quem construiu os depósitos com uma estrutura em ferro e cimento.

Em 1957, a adega já tinha capacidade para armazenar 100.000 litros.

Só mais tarde, a adega passou a ter água canalizada e foi comprada uma máquina para a lavagem do vasilhame, que até então se fazia no exterior com água trazida de um chafariz de Colares.

Depois, numa Feira em Versailles (Paris), Paulo da Silva comprou outra máquina e dois pequenos carros para transportar vasilhame.

Nos anos 60, foi comprada uma parte do terreno contíguo à adega para ampliar a área de armazenamento até então existente.

Em 1965, nova lei (nº 46.868) veio exigir mais um aumento da existência mínima de 200.000 para 300.000 litros fixos.

Mais tarde, a Adega Beira-Mar também se adaptou às transformações que ocorreram com a revolução de Abril de 1974, com impacto na alteração das políticas relativas à produção e ao armazenamento de vinhos.

Considerada uma prioridade desde sempre, tem sido feita a conservação do edifício e do seu interior, bem como dos antigos tonéis de madeiras nobres e dos vários depósitos de vinho.

Para melhorar as condições da Garrafeira foram criadas divisões para separar os vinhos tintos, brancos e as respectivas marcas. Foram individualizadas secções destinadas ao estágio de vinhos de castas Ramisco e Malvasia de Colares, específicos desta região. Aos vinhos tintos ramisco é exigido um estágio mínimo de 18 meses em vasilhame de madeira e de 6 meses em garrafa. O estágio dos vinhos brancos malvasia deve ser de 6 meses em vasilhame de madeira e de 3 meses em garrafa.

Também numa perspectiva de modernização, no ano 2000, foram adquiridos novos tonéis em madeira e outros equipamentos, que foram colocados na segunda ala da adega.

No ano 2017, a estrutura do telhado foi toda refeita respeitando a traça original, com o objectivo de preservar o ambiente característico da adega.

A atmosfera da Adega Beira-Mar transpira a sua história e inspira um bom apreciador de vinhos.

Os dados

Produção

Tóneis

Madeira

Tonéis

Modernos

Depósitos

Cimento

Depósitos

Subterrâneos

Escritório

Destinado a trabalhos administrativos, este espaço não estava contemplado na fase inicial de construção da adega. Foi criado numa fase posterior para responder às necessidades do movimento de vendas do vinho a nível nacional e internacional.

Garrafeira / Garrafaria

Área construída logo no início da adega, em 1944, para o estacionamento das garrafas de vinhos tintos e brancos.
Nesta zona, um conjunto de divisórias separam pilhas de garrafas de vinho por tipologia e por anos. (ex: Colares 2010 / Colares 2012 / Colares branco 2019/ Ribamar tinto 2016 / Paulo da Silva 2016)

Aqui o vinho fica na horizontal, em descanso/estágio, com a rolha molhada. Desta forma, a rolha incha, vedando a entrada de oxigênio, assim contribuindo para assegurar a qualidade do vinho.

Exterior

No início da adega, as tinas e os balseiros para fazer o vinho estavam no exterior do edifício.

Também no exterior eram feitas as lavagens das garrafas, junto a um bloco de pedra, onde era guardada a água trazida de um chafariz de Colares.

Os terrenos que envolvem a Adega Beira-Mar têm plantadas vinhas em chão de areia. Estas vinhas podem ser visitadas.

Laboratório

A qualidade dos vinhos depende de um apurado trabalho de laboratório num espaço específico para o efeito.

Sala de Reuniões

Nesta sala têm lugar encontros de apreciadores de vinhos e reuniões de trabalho.

Da sua janela pode observar-se a proximidade do oceano atlântico, que tanto marca a especificidade dos vinhos da região, e o Cabo da Roca, a ponta mais ocidental da Europa.

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Adega Visconde de Salreu

Domingos Joaquim da Silva em 1821, encomendou ao Arquitecto Manuel Joaquim Norte Júnior (1878-1962) o projecto de construção de um edifício com as funções de adega vinícola – as Caves Visconde de Salreu.

Em 1994, este edifício foi adquirido por António Bernardino Paulo da Silva.

Um projecto do Visconde de Salreu

Domingos Joaquim da Silva (1854-1936), oriundo da freguesia de Salreu, em Estarreja, foi empreendedor no Brasil e em Portugal, tendo recebido do Rei D. Carlos, em 1907, o título de Visconde.

Tendo em conta a fama dos vinhos de Colares, investiu nesta região como produtor vitivinícola. Em 1821, encomendou ao Arquitecto Manuel Joaquim Norte Júnior (1878-1962) o projecto de construção de um edifício com as funções de adega vinícola – as Caves Visconde de Salreu –, cuja edificação foi feita pelos empreiteiros Santos & Santos, em 1823, no Banzão.
Situado na estrada que liga Colares à Praia das Maçãs e Azenhas do Mar, este edifício fica muito próximo da Adega Regional de Colares.

De inspiração vernacular, as Caves apresentam, na parte central da fachada, um belíssimo painel de azulejos com duas figuras envoltas em cachos de uva, da Fábrica de Cerâmica Constância Lda. No meio deste painel destaca-se a representação de um tonel de vinho em madeira com a inscrição “CAVES / VISCONDE DE SALREU / MCMXX”, sobre o qual se evidencia uma grinalda e um brasão com coroa. Frisos de azulejos decoram o edifício com motivos dedicados à vinha e à vindima.


Com uma planta rectangular, o edifício distribui-se por dois e três pisos que acompanham a inclinação do terreno, sendo o piso térreo aquele que apresenta maior pé direito.
O edifício tem duas grandes portas em arco ao centro e outras duas mais pequenas em cada extremo. Vários conjuntos de janelas triplas compõem a fachada. A cobertura em telha tem duas águas.

Localizado junto à linha do eléctrico, criada, no ano de 1904, entre Sintra e a Praia das Maças, o edifício foi dotado com um terminal interior destinado à descarga de pipas de vinho, tal era o movimento de produção e comercialização dos vinhos que se fazia na época.
O edifício detinha condições muito boas à época para armazenar grandes quantidades de vinho em tonéis.

Os vinhos de Colares da Adega Visconde de Salreu – Colares V. S. – eram muito apreciados pela sua qualidade. Receberam variados prémios em exposições internacionais.

É de destacar uma Medalha de Ouro e um Diploma de Honra alcançados em 1923, no âmbito da Exposição Internacional do Rio de Janeiro, Brasil

Mais tarde, já nos anos 60 do século XX, a Adega foi dotada com grandes depósitos que permitiam o armazenamento de cerca de um milhão de litros, tal era o volume de exportações para o Brasil, Angola, Moçambique e outros países.

Com condições muito boas para armazenar grandes quantidades de vinho, com uma configuração e uma organização adaptada às suas funções, o edifício é uma importante referência neste tipo de estruturas.

Aquisição

A 7 de Julho de 1994, as Caves Visconde de Salreu foram adquiridas por António Bernardino Paulo da Silva com o objectivo de salvaguardar um edifício com carácter patrimonial, associado à memória e à identidade da região.

Paulo da Silva começou por armazenar vinho nos depósitos em cimento, de grande capacidade, ali existentes e por facultar o seu uso a outros produtores da região.

Aquando da comemoração dos cem anos de Colares como região demarcada, colaborou com a Câmara Municipal de Sintra na cedência deste espaço para a organização de duas exposições: “Alfredo Keil em Sintra 100 anos depois” (2007) e “100 anos da Região Demarcada de Colares – 1908/2008”.
Estão a ser pensados outros projectos para o futuro.

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